A doce criatura

A doce criatura no vestido azul
Leve, doce, etérea
Inalcançável para qualquer um
Nascida para a perfeição
A amável criatura flutuava pela vida
Seu vestido azul esvoaçante
Dançava naquele corpo que não tocava o chão
Certo dia, porém
Caiu a criatura
Sua doçura e candura angelicais
Tiveram o mesmo destino voraz
Não só de azul e branco ela vivia agora
Conheceu o carmesim, se desvencilhou da paz
A doce criatura no vestido azul
Leve, doce, etérea
Experimentou a dor e a
Sangria desatada.
Sua adorada vida de nuvem
D'um dia pro outro virou tempestade
Não mais leve, doce, etérea
A (não tão doce) criatura no vestido azul
Viu que era carne, tateou a realidade
Viu que a perfeição não existe no chão
E que a imperfeição, esta sim, fazia-lhe gente.
Não mais quis ser 
Leve, doce, etérea,
Mas densa, agridoce e terrena.

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